segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cão-Guia - Um amigo para todos os caminhos




No dia 20 de abril o governo do estado de São Paulo lançou o Programa Cão-Guia, uma iniciativa que prevê a construção do primeiro Centro de Referência público para o Cão-Guia no país, administrado em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP.

O prédio que abrigará o Centro de Referência para o Cão-Guia será construído nas proximidades da FMVZ e deve estar pronto dentro de um ano. O projeto, desenvolvido pela Fundação para Pesquisa em Arquitetura e Ambiente (Fupam), entidade ligada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, prevê um espaço com quatro andares, dispondo de áreas de canis destinadas à permanência, tratamento e treinamento dos animais com capacidade para até 92 cães, além de uma área técnica e de pesquisa. A construção contará, também, com recursos para garantir a sua sustentabilidade, por meio de equipamentos para a captação da água da chuva e da maximização do uso da luz solar.

De acordo com Denise Fantoni, professora da FMVZ e coordenadora do projeto, enquanto o prédio ainda não está pronto, um site para o cadastro dos interessados em receber um cão-guia está sendo desenvolvido e deve ser divulgado em breve. “Uma vez cadastrada e selecionada, a pessoa com deficiência passará por uma série de avaliações para ser credenciada a receber um cão-guia”, diz Denise. A avaliação será feita por uma equipe composta por psicólogos e outros profissionais do Instituto Laramara, que presta atendimento a pessoas com deficiência visual.

Para capacitar um cão a ser guia, um filhote será encaminhado a uma família adotiva para ser cuidado pelo período de um ano, com todas as despesas pagas pelo Estado. Neste período, membros do Centro de Referência visitarão os animais e acompanharão o seu desenvolvimento. Passado o primeiro ano, os animais serão encaminhados ao Centro para passarem por um adestramento intensivo em um período entre quatro e seis meses, onde também serão acompanhados clinicamente por veterinários da FMVZ. Somente após todo esse processo os animais serão encaminhados às pessoas com deficiência visual selecionadas pelo programa.

“O objetivo do Programa Cão-Guia vai além de oferecer cães devidamente treinados. Estamos trabalhando na construção de um Centro que sirva de referência para todo o país e propague informações sobre o assunto a todos os interessados”, completa Denise. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o Brasil possui 1,1 milhão de cegos e apenas 60 cães-guia.

Organizações – Enquanto o Centro de Referência para o Cão-Guia está sendo construído, as pessoas com deficiência visual interessadas em ter um cão-guia contam com os serviços desenvolvidos por quatro organizações que atuam na área.

A Ong Iris, fundada no ano de 2002 em São Paulo, tem como missão o desenvolvimento de atividades que acelerem o processo de inclusão social das pessoas portadoras de deficiência visual. Vinte dos 60 cães-guia em atividade no país foram importados pela ONG sem nenhum custo aos usuários. Neste link (
www.iris.org.br) a organização disponibiliza um cadastro para a solicitação de um cão-guia.

É possível encontrar trabalhos semelhantes em Santa Catarina, desenvolvido pela Escola de Cães-Guia Hellen Keller (
www.caoguia.org.br), no Rio de Janeiro, pelo projeto Cão-Guia Brasil (www.caoguiabrasil.com.br) e no Distrito Federal, pela ONG Integra (integradf@gmail.com)

Habilidades – De acordo com informações da ONG Iris, um cão-guia é treinado para conduzir uma pessoa de um ponto a outro em uma linha reta, parar em todas as mudanças de elevação, como meio fio e escadas e conduzir seu dono em torno de obstáculos. Já o usuário deve saber dar comandos verbais ao cão, além de reconhecer e seguir o movimento do animal quando virar em uma linha reta, retardar ou parar.

O cão-guia apresenta uma série de vantagens em relação ao uso de bengala. Entre elas, estão uma maior segurança, independência e liberdade, uma maior velocidade e desenvoltura na locomoção, já que o cão é capaz de se antecipar a obstáculos, o desvio de obstáculos aéreos, como galhos de árvores e telefones públicos que não podem ser detectados pela bengala e o encontro de pontos de referência importantes como escadas, portas, elevadores.

Pelo Mundo – Em 1989 foi formada a Federação Internacional do Cão-Guia, com o objetivo de apoiar os seus membros a capacitar um número cada vez maior de cães-guias, como um meio para garantir a mobilidade de pessoas cegas ou com deficiência visual.

Hoje, a Federação conta com 84 membros espalhados por 28 países. Japão, França e Estados Unidos são os países que mais possuem centros de capacitação de cães-guias, com 11 unidades cada, seguidos por Austrália, com 10 e Canadá e Holanda, com cinco cada.

No Brasil, a Escola de Cães-Guia Hellen Keller está pleiteando o reconhecimento da Federação Internacional do Cão-Guia e pode ser a primeira da América do Sul a integrar o grupo.

Por Diogo Silva


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